domingo, novembro 19, 2006

Prenda



Fizeste anos e, como sabes a minha prenda é sempre imaterial. Planejo-a com carinho, preparo os condimentos necessários a fundir fantasias colectadas. É o teu dia, mas quem manda sou eu. Cenário montado para o momento; falta somente a minha refeição principal: tu!
Ouço os teus passos saírem do elevador. Estou do lado de cá, munida para te receber. Metes a chave na porta e impeço-te de acender a luz. Vendo-te os olhos sem que me toques e puxo-te até ao quarto pela presilha das calças. Anuncias que sentes um aroma agradável, mas que não sabes de que é, vês uma luminosidade ténue de velas. Perfeito, objectivo alcançado! É só isso que quero: que fiques com os sentidos estimulados o suficiente para te crescer água na boca, do que vem a seguir! Aproximo-me de ti, mantenho-te longe da minha pele perfumada e beijo-te profundamente, bebendo essa água tua de desejo e surpresa. Dispo-te lentamente, plantando um beijo doce aqui e ali: camisa clara, peito moreno; calças escuras, coxas musculadas; sapatos baços, pés macios. Deito-te serenamente e, com o meu lenço preto sedoso, prendo-te as mãos que cismam em tocar-me. Abro o frasquinho da mistura de óleos essenciais por ti desconhecidos e espalho pelas minhas mãos, iniciando assim um trajecto por locais raramente explorados. Passo a pontinha da minha língua pelas tuas virilhas, torturando-te em cócegas. Contorces-te, pedes que pare, ris-te descontroladamente. Faço-te sofrer um pouco e passo ao que tu anseias. Percorro com a língua em arabescos soltos da base larga até ao orifício pequenino. Semicerro os lábios e demoro-me na glande; abro-os mais um pouco e início o vai e vem que te faz gemer. Não demoras a pedir para parar, mas ignoro o teu pedido e prossigo com os meus planos. Quero senti-lo bem até ao fundo, até receber o teu sémen, que tanto receias que não goste. Sei que gosto do teu sabor agri-doce; já o provei mas tu nem tens noção. Libertas o orgasmo adiado e engulo tudo de uma só vez. Beijo-te e desprendo-te dos tecidos. Sem eu contar, num gesto seguro, fazes-nos inverter posições e inicias, assim, o teu agradecimento com amor.

7 Comments:

Blogger Marquês said...

Mai nada!

Beijinho

20/11/06 10:22  
Anonymous Anónimo said...

E depois do sémen morno derramado no teu colo, desliso lento, mas ávido, pelo teu ventre até me deter lá onde tudo em ti vibra. Peço-te que te sentes sobre o meu queixo para que a minha língua melhor te penetre.E gozas, gozas,gozas em movimentos circulares e sons espaçados de suspiros. Insisto na minha sede de ti, seguro-te pelos quadris, lambuzo-me do teu desejo húmido até ao derradeiro arfar rouco, intenso, único, primitivo. Então sim, abraço-te, de mansinho e segredo-te um poema de amor!

20/11/06 22:09  
Blogger Bonboca said...

Lindo...adorei. beijos

21/11/06 19:03  
Blogger Miss Perfect said...

Que bela prenda... se todas fossem assim, havia muito menos materialidade no mundo! ;)

Gostei de vir aqui. Gosto da forma como escreves... Infelizmente creio não saber a que cheira o Jasmim... acho que vou ter de o descobrir aos poucos, tal como este blog...

Beijos
Miss Perfect

23/11/06 15:30  
Anonymous Anónimo said...

Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
És a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que me sai, sem voz, do coração.

David Mourão-Ferreira

24/11/06 18:07  
Blogger Afonso said...

Bem, manda a boa educação que se retribuam os presentes que recebemos... ;)

24/11/06 19:45  
Blogger Eternus said...

HMMM haverá melhor prenda?

bisoux

25/11/06 02:53  

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